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Como a Huawei virou uma das fornecedoras mais cobiçadas da indústria automotiva

Huawei, famosa fabricante de telefones celulares e eletrônicos, é uma das fornecedoras mais cortejadas por várias montadoras na China.

Tudo por causa de seu sistema de assistência à condução (também conhecido pela sigla ADAS), que recebeu elogios de toda a indústria automotiva no Salão de Pequim.

Até a Audi, que aproveita o evento para exibir o Q6 e-tron, equipará seu novo SUV com a tecnologia da fonecedora chinesa. Com isso, segundo a agência de notícias “Reuters“, a Huawei fechará seu primeiro acordo de fornecimento da tecnologia para uma montadora ocidental.

A Nissan também demonstrou interesse, a ponto de o CEO da fabricante japonesa, Makoto Uchida, ter visitado o estande da Huawei para ouvir explicações sobre o sistema desenvolvido para os carros da Seres, marca chinesa que é controlada pela Huawei e ainda tem presença tímida no Brasil.

Nenhuma das fabricantes quis se pronunciou a respeito do tema.

Veto dos EUA fez marca buscar setor automotivo

A rápida ascensão da Huawei como fornecedora da indústria automotiva se deu em parte pelo controverso episódio no qual a empresa se envolveu nos Estados Unidos em 2019.

Na época, o governo do ex-presidente Donald Trump acusou a empresa de ameaçar a segurança nacional com seus smartphones, cujas tecnologias poderiam coletar informações que eventualmente poderiam ser aproveitadas pelo governo chinês.

Com o veto da comercialização de seus produtos nos EUA, a Huawei voltou suas atenções para outro setor tão lucrativo quanto o dos telefones celulares. Hoje, a Huawei pretende se tornar uma das maiores fornecedoras de autopeças da era da eletrificação. A ideia é rivalizar com gigantes do setor como Bosch, Denso e Continental.

“Estamos crescendo lado-a-lado com a Huawei nos últimos três anos e nossas metas são óbvias para todos. Vamos seguir trabalhando em conjunto pelos próximos três anos e além”, prometeu Zhang Xinghai, chairman da Seres.

Eficiência chinesa faz estrangeiros buscarem Huawei

O ritmo alucinante da evolução da indústria também facilitou a popularização da Huawei na indústria automotiva, especialmente na China.

Fabricantes de carros como a BYD são especializadas no desenvolvimento de tecnologias a um custo bastante acessível. Isso faz com que as outras montadoras recorram a fornecedores capazes de realizar o mesmo – e é aí onde a Huawei se especializou.

Até na China a concorrência está sofrendo, ainda que indiretamente, por causa da Huawei. Marcas locais como Changan, Dongfeng e BAIC precisam lidar com o avanço dos carros elétricos fabricados por novatas como Avatr, Arcfox e Voyah. Em comum, o trio usa a tecnologia de assistências à condução da Huawei.

A também chinesa GAC lançará sua nova linha de carros de luxo da Trumpchi com o sistema desenvolvido pela conterrânea.

“A Huawei é a atual líder nas tecnologias de ADAS. Escolhemos eles porque precisamos nos assegurar que os produtos da GAC são equipados com o que há de mais avançado para os nossos consumidores”, afirmou o gerente geral da GAC, Feng Xingya.

Huawei pode ser parceira… e rival

Três representantes de marcas fora da China ouvidos pela “Reuters” admitiram que a Huawei é vista como uma parceira em potencial e que merece ser analisada com atenção, apesar das dificuldades do governo chinês em estabelecer uma política de bom relacionamento comercial com os países ocidentais.

No entanto, os mesmos executivos ressaltaram que o envolvimento da Huawei com projetos como o Seres Aito podem fazer com que a fabricante de eletrônicos seja vista como uma concorrente em vez de parceira comercial.

Além disso, existe a preocupação de que a Huawei volte a ser barrada pelos Estados Unidos, que podem alegar, novamente, que a empresa representa uma ameaça à segurança nacional – neste caso, por conta da conectividade presente nos carros.

Fonte: Automotive Business